quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O LIVRO DOS MÉDIUNS - 150 ANOS

Selo alusivo aos 150 anos de 'O Livro dos Médiuns' que será utilizando na capa de 'Reformador' ao longo do ano de 2011.

No dia 15 de janeiro de 1861 foi lançado o Livro dos Médiuns que completará 150 anos em 2011. Este livro é a base essencial para os que se interessam pelo espiritismo experimental.
Sugerimos aos presidentes de instituições espíritas que promovam eventos alusivos em comemoração ao Livro dos Médiuns.

A Mediunidade é um instrumento de comunicação entre os dois mundos. O Livro dos Médiuns é um "tratado científico de orientação" para todos os médiuns e para a prática mediúnica séria.
Emmanuel assevera em O Consolador pergunta 410 que:

“O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Frequentemente é o personalismo, é a ambição, a ignorância, a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à Luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, o conduzem à invigilância, à leviandade é a confusão dos campos improdutivos.

Reunião mediúnica séria. É aquela “(...) em que se pode haurir o verdadeiro ensino. (...) Uma reunião só é verdadeiramente séria, quando cogita de coisas úteis, com exclusão de todas as demais.” L. M. -2ª parte, cap.29, item 327.

Aproveitando o ensejo comemorativo, publicamos para reflexão o texto escrito pela nossa irmã de ideal espírita  Edna Maria Fabro ( membro da diretoria e coordenadora do Curso de Estudo e Educação da Mediunidade – campo experimental da FEB, Brasília-DF).

A Capacitação do Trabalhador da Mediunidade

Os Benfeitores Espirituais nos esclarecem que a mediunidade é recurso de trabalho e aprimoramento para o homem da Terra. É “[...] talento divino para edificar o consolo e a instrução entre os homens”.12 Emmanuel ainda nos ensina que a mediunidade “[...] é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos.”8 Através do maravilhoso intercâmbio entre os dois planos da vida, o ser humano ajuda-se, mutuamente, em favor do seu aprimoramento, sob a supervisão amorosa de Deus.
A mediunidade é, pois, sublime instrumento da Bondade Divina para redimir o ser das suas amarras milenares, transformando-o em agente impulsionador do progresso na Terra.

Daí a grande responsabilidade daquele que assume a tarefa de trabalhar em favor de si mesmo e do bem comum, utilizando os recursos da mediunidade. É imprescindível que se instrua, a fim de conhecer os caminhos seguros da sua execução.

Emmanuel esclarece que a “[...] primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias [...].”9 Elucida também que a “[...] especialização na tarefa mediúnica é mais que necessária e somente de sua compreensão poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgarização da verdade a realizar.”10

Entendemos, também, que a prática mediúnica exige disciplina, renúncia e mesmo sacrifícios pessoais. Precisa haver por parte do trabalhador, comprometimento e busca constante da sublimação das energias psíquicas, a fim de que os frutos do seu labor mediúnico sejam proveitosos para si mesmo e os demais.

Portanto, pela complexidade de que se reveste a prática mediúnica, o trabalhador necessita buscar o conhecimento, a fim de exercer a tarefa enobrecedora do intercâmbio produtivo.

Allan Kardec já destacava a importância de um curso regular de Espiritismo, “[...] com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as idéias espíritas e de desenvolver grande número de médiuns.”6

O Codificador também alerta em O Livro dos Médiuns: “Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta ciência [...].”2

A Doutrina Espírita, através dos seus ensinos, nos oferece a orientação segura para o correto exercício da mediunidade, fazendo com que a sua prática se torne fonte de luz e esclarecimentos. É necessário, portanto, estudá-la de forma metódica e sistemática, à luz do Evangelho de Jesus, antes e após o ingresso na tarefa mediúnica.

A capacitação do trabalhador deve, pois, estar assentada em dois fundamentos básicos, que constituem os seus referenciais: a) o conhecimento doutrinário, extraído das obras codificadas por Allan Kardec, e, das suplementares a estas, de autoria de Espíritos fiéis às orientações da Doutrina Espírita; b) conduta espírita, ética e moral, segundo as orientações de Jesus, contidas no seu Evangelho. 10

Essa capacitação deve buscar, principalmente, favorecer o aprofundamento de temas doutrinários, sobretudo os relacionados à prática mediúnica, desenvolvendo o gosto pelo estudo espírita. Deve ainda, preparar o trabalhador para exercer a mediunidade de forma natural, como é preconizada pela Codificação Espírita.
Neste sentido, é importante resgatar o seguinte conceito de médium, existente em O Livro dos Médiuns:

Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns.4

Assim sendo, todos nós somos capazes de registrar, consciente ou inconscientemente, idéias e sugestões dos Espíritos. Portanto, todos podem, em princípio, participar e contribuir positivamente numa reunião mediúnica, sendo, porém, necessária a preparação devida a tão importante tarefa.

A capacitação do trabalhador da mediunidade, além de enfocar o conhecimento teórico, necessita oferecer a oportunidade da experimentação. Para se desenvolver qualquer habilidade é necessário que o candidato tenha conhecimento da teoria e realize exercícios continuados. Assim também ocorre com as faculdades psíquicas. Para saber se alguém possui algum tipo de mediunidade é necessário exercitá-la.

Allan Kardec esclarece:

Por [...] nenhum diagnóstico se pode inferir, ainda que aproximadamente, que alguém possua essa faculdade. Os sinais físicos, em os quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada têm de infalíveis. Ela se manifesta nas crianças e nos velhos, em homens e mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral. Só existe um meio de lhe comprovar a existência. É experimentar.3
A capacitação deve, ainda, auxiliar o trabalhador a se integrar nas atividades da Casa Espírita. É importante que o medianeiro, além da sua atuação nas reuniões de estudo da mediunidade, seja também um participante ativo das demais tarefas da Casa. Isto vai favorecer o desenvolvimento das habilidades necessárias para a execução da difícil tarefa do intercâmbio mediúnico.

Outro fator a se considerar na preparação do trabalhador da mediunidade é a conscientização da importância do trabalho em equipe. Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades são a soma de todas as dos seus membros. O sucesso da tarefa mediúnica é resultado da união dos seus participantes.

No Livro dos Médiuns, segunda parte, item 341, o codificador estabelece as condições para a boa produtividade da reunião mediúnica, das quais destacamos: “Perfeita comunhão de vistas e de sentimentos. Cordialidade recíproca entre todos os seus membros. Ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã.” 5

Como nos alerta o Espírito Emmanuel, não pode haver “[...] construção útil sem estudo e atividade, atenção e suor.” Quem queira sinceramente contribuir no intercâmbio mediúnico, precisa estudar sempre e buscar o próprio burilamento interior, a fim de produzir o melhor na Seara do Senhor. “[...] Mas, exercer a mediunidade como força ativa no ministério do bem é fruto da experiência de quantos lhe esposaram a obrigação, por senda de disciplina e trabalho, consagrando-se, dia a dia, a estudar e servir com ela.”11
“Espíritas! amai-vos, – este o primeiro ensinamento; instrui-vos, – este o segundo. [...].”1 Esta é a inolvidável advertência do Espírito da Verdade, gravada na Codificação Espírita.

Bibliografia

1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 6, item 5, p. 142.
2. ____. O livro dos médiuns. 80. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Introdução, p. 13.
3. ____. Segunda parte, cap. 17, item 200, p. 255
4. ____. Cap. 15, item 159, p. 211.
5. ____. Cap. 29, item 341, p. 456.
6. ____. Obras póstumas. 40. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Segunda parte, Projeto 1868, item: Ensino espírita, p. 376.
7. FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Estudo e prática da mediunidade (apostila). Programa II. 3. ed. Brasília: FEB, 2007. Roteiro 4, p. 90.
8. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Questão 382, p.299.
9. ____. Questão 387, p. 302.

Departamento Doutrinário da FERGS

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